Facetas


Fim de noite, pouco sono, de repente bateu uma vontade de rascunhar algumas coisas.
Aviso logo, não há receita mágica para alguma coisa, exceto este devaneio sobre  um eterno objeto da discussão humana: a felicidade.
Não consigo imaginar alguém que não queira ao menos um pouco de felicidade. Trato de compará-la com nosso oxigênio. Talvez mais escassa, mesmo assim, vital.
Estamos tão acostumados com as grandes conquistas  que sequer  paramos para pensar sobre quantas vezes temos a oportunidade durante o dia de comemorar algo que acabou nos  fazendo bem. Estamos tão cegos que não vemos mais do que uma pequena fagulha de felicidade.  Ignorando assim, quem sabe,  nossa própria existência.
Chegamos ao ponto em que nosso comportamento está condicionado a sempre buscar algo maior. Somos os megalomaníacos da felicidade. Pequena não serve - felicidade de verdade, só se for grande.
Certa vez ouvi um renomado palestrante dizer, quanto maior o sacrifício, maior o sabor da conquista. Aí eu pergunto: depois dessa conquista, quanto tempo durará este sentimento?
Prefiro acreditar que o que nos faz bem também está sim, no resultado final,mas, ao mesmo tempo, também pelo prazer da jornada. Por que  tratamos com insignificância a jornada? 
Será que em busca deste prazer celestial não focamos apenas para frente e esquecemos que também podemos olhar para o lado, para cima e para baixo?
Vamos além. Quero chamar a sua atenção para outro ponto de observação sobre a felicidade; o que nosso corpo deseja e o que nossa cabeça exige.
Deixe-me explicar: acredito que cada um de nós, embora humano, tenha suas profundas particularidades sobre o que nos traz paz de espírito. E acredito ainda mais que nosso corpo nos fala a todo instante sobre o que desejamos para nós.  Se fossemos conduzidos pelos nossos impulsos,  nossa satisfação seria maior?  Resposta difícil, pois estas vontades/desejos estão aprisionadas na masmorra de nossos valores sociais.  São elas as chaves que subjugam a liberdade ou não de nossos impulsos.
Não quero aqui convencê-lo de que estamos totalmente errados. Não é essa a intenção. Apenas provocar uma reflexão sobre até que ponto chegou a limitar nossas vontades.
Será que não estaríamos virando leões enjaulados?  Presos, porém leões. 
É essa prisão da qual me refiro (valores sociais) que geram estes questionamentos. Será que devemos apenas baixar a cabeça sempre e dizer sim, ou, na pior das hipóteses, questionar?
Por fim, meu desfecho trata de complicar ainda mais essa questão. Até agora apresento questionamentos sobre o quanto a libertação dos nossos desejos trará felicidade.
Mas será que a profunda ignorância não facilitaria nossa vida? Não perdemos tempo nos   “quês” e “por quês”e apenas... sentimos.  Será que tentar ajustar nosso comportamento em busca da felicidade não tornaria isso tudo ainda mais artificial?  É viver para ver, ou melhor, sentir.

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